O ritmo de estudo da Harvard, uma das mais prestigiadas instituições de ensino do mundo, é intenso. A carga de leitura semanal pode chegar a mais de mil páginas, principalmente em cursos como direito.
O modelo americano de ensino, chamado de common law é exercido na universidade e os livros da disciplina são comumente relacionados à tal, diferentemente do modelo de ensino brasileiro, que é o civil law. A diferença entre os dois é que, nos Estados Unidos, o direito se baseia mais na jurisprudência, e menos nos textos de lei, o que retrata que os envolvidos procuram situações passadas semelhantes para montar a argumentação, ao contrário do modelo estabelecido no Brasil, que leva ao pé da letra o que está escrito no código civil.
Tendo isso em vista, os alunos de Harvard possuem leituras fundamentais para qualquer sistema jurídico, e que, por terem temas amplos, não ficam restritos apenas a advogados.
Os livros a seguir foram indicados pelo advogado paraense Michel Haber Neto, bolsista da fundação Estudar, que cursou mestrado em direito da Harvard Law School.
1 – “One L: The Turbulent True Story of a First Year at Harvard Law School”, por Scott Turow
Diferente dos outros livros que serão mencionados nesta postagem, o texto deste livro tem como foco os bastidores do primeiro ano na graduate school. A obra tem caráter biográfico e descreve os momentos significativos do primeiro ano de Direito de Scott Turow em Harvard, que exige excelência acadêmica e é uma das universidades mais respeitadas do mundo. Em razão deste fato, vários alunos são levados ao limite. O autor descreve a necessidade de muitas horas de estudo, a tensão devido às provas e a entrega quase que exclusiva à universidade.
2 – “The Critical Legal Studies Movement”, por Roberto Mangabeira Unger
Escrito pelo jurista carioca, o livro Teoria de Direito obteve notoriedade na Harvard Law School, local em que o autor leciona até hoje, por seguir uma perspectiva engajada politicamente do Direito, que foge da interpretação habitual. O que destacou o livro perante outros foi o debate criado pelo autor, que analisa as bases filosóficas e políticas do pensamento jurídico. O trabalho de Unger se tornou uma das principais referências neste movimento, que surgiu em instituições como Harvard e Yale. A primeira edição do livro ocorreu em 1983 e permanece como um clássico atualmente.
3 – “The Lawyer as Friend: The Moral Foundations of the Lawyer-Client Relation”, por Charles Fried
O livro, que antes era exclusivo para alunos da instituição, foi liberado ao público após a mobilização dos estudantes para que o título se tornasse acessível. O foco da obra é a ética profissional dos advogados, no qual o autor questiona se “É possível ser um bom advogado e uma boa pessoa?”. O impasse vem da possibilidade de advogados representarem legalmente clientes que cometeram crimes ou delitos, ou que tenham uma conduta distante do ideal.
4 -“Letters to a Young Lawyer“, por Alan Dershowitz
A obra tem como foco a carreira na advocacia. Dershowitz questiona pontos do que é ser um advogado, como por exemplo: “o que significa ser uma boa pessoa?”. Durante a obra, o autor relata o descontentamento de muitos advogados sobre a profissão e dá dicas para se aprimorar no exercício da profissão
5 – “Justiça: O Que é Fazer a Coisa Certa”, por Michael J. Sandel
Professor na Harvard Law School, Sandel publicou o livro com o título original de “Justice: What’s the Right Thing to Do?”, que faz conexão direta com as aulas ministradas por ele. O autor tenta expressar em seus livros e aulas a dificuldade que é definir o que é certo em questões que são difíceis de definir, como por exemplo a eutanásia.
Sandel traz para suas aulas e livro questionamentos que podem ser repassados através de situações hipotéticas, como por exemplo, se um trem descontrolado pode escolher dois caminhos, um em que ele atinja e mate cinco pessoas e outro em que vitime uma só pessoa; qual seria a saída correta?
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